domingo, 15 de maio de 2016

Justiça com as próprias mãos!

JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS
Diariamente os telejornais de todo o país noticiam uma avalanche de crimes, que fazem as vítimas e/ou parentes, desesperadamente suplicarem: “eu quero justiça”! A dor é ainda maior, por que no momento mesmo da súplica, eles tem a triste certeza de que não serão atendidos. O Brasil é de fato, o país da impunidade. Apresenta-se então, os seguintes questionamentos: qual a idéia que essas pessoas tem sobre “justiça”? O que é a “justiça” para elas? Quem deve atender aos seus apelos? A quem cabe lhes dar “justiça”?
A pena restritiva de liberdade, consoante o Código Penal brasileiro, se dá em virtude do indivíduo infringir as normas de convivência pacífica entre os homens. No século XVI, o filósofo inglês Thomas Hobbes, em seu livro Leviatã, pontuou que o estado natural do homem é a guerra, em virtude de desejarem as mesmas coisas, só podendo se adquirir a paz, mediante um Contrato Social, onde renunciariam suas liberdades ao Estado, passando a ser este o responsável pela aplicação da justiça. Como o Estado tem fracassado na sua missão, o estado natural do homem ressurge e o que se ver é uma violência espraiada por toda a sociedade.
O descrédito com o Poder Judiciário no Brasil, trás como conseqüência o aumento no número dos justiceiros. Pois se o estado não me oferece justiça, a farei com as próprias mãos, é o que toma assento no inconsciente coletivo das pessoas vitimadas pela violência generalizada. Isso decerto não aconteceria se vigente fosse de fato, o Contrato Social. A sensação de impunidade fica clarividente, na letra da canção, Mãos, de Zeca Pagodinho, onde diz: “pago pra ver queimar em brasas, as mãos de bacharéis, que não condenam o mal, que inocentam réus em troca do vil metal”. Para nossa tristeza esses “justiceiros”, fazem nosso país cada vez mais vil, que varonil.
Odailson da Silva
Psicanalista e escritor

Um comentário:

  1. "A violência é o último recurso do incompetente." Isaac Asimov. Quando a cidadania é acuada, os instintos mais primitivos afloram.

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